(Roberto M. Rodrigues - PY8JS)
- São Paulo e Rio de Janeiro foram os primeiros Estados do Brasil a possuírem radioamadores, seguidos do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco e Pará.
- Pela pesquisa feita, o primeiro radioamador brasileiro foi Livio Moreira, em 1909. Ele era telegrafista profissional do então DCT paulista e tinha como indicativo SB-31G. Seu equipamento foi construído por ele próprio, ao qual deu o nome de 'espirocheta". Realmente tratava-se de complicado conjunto de três "andares". No "primeiro andar" (como ele mesmo dizia) estavam os três componentes "parecis"; no "2. andar", todo feito de pinho, estava embutido o modulador, de 3 watts; e no "terceiro andar" encontrava-se o tanque final, onde também estava colocado o oscilador, que possuía a famosa 6L6, uma válvula usada na época. Havia ainda o RX, construído de todas as peças que encontrou, procurando imitar o SX-17, com pré-seletor, o xtal e o silenciador de ruídos.
- Mais tarde, em 1922, surgiu também Demócrito Seabra, como indicativo SB1AT, que possuía também licença para operar estação móvel marítima. Seu cartão de QSL ostentava as letras WS, abreviatura de wireless station, nome pelo qual eram denominadas as estações que operavam a bordo de navios. O "shack" de Demócrito era uma imitação da cabine de navio, aliás de muito bom gosto, e bem decorada.
- Mas, antes mesmo de surgir Demócrito, apareceu José Jonotskoff de Almeida Gomes, que operou a estação de broadcasting da Westinghouse, instalada no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, de onde transmitiu, em 1922, numa demonstração, para o recinto da Exposição do Centenário da Independência do Brasil.
- O segundo radioamador brasileiro também foi de São Paulo. Chamava-se Leonardo Yancey Júnior, engenheiro, de indicativo SB2SP. Residia na rua Frei Caneca, n. 22, e no terreno erguia-se uma torre de madeira por onde descia o fio da antena até o porão, onde tinha o seu "shack". Seu equipamento era constituído de um transmissor de apenas uma válvula Western Electric, de 50 watts, e um dínamo de 1.000 volts, que Ihe fornecia a tensão de placa . O receptor era um Perry O. Briggs, com circuito de 3 bobinas-a%2.
São Paulo - O primeiro radioamador paulista a ser citado nas revistas estrangeiras especializadas foi Leonardo Y. Jones Júnior, de indicativo SB-2SP. O segundo paulista a figurar na relação de "estações ouvidas" pelas revistas estrangeiras especializadas foi Severino Justi, de indicativo BZ-2AB. O terceiro paulista foi João Sampaio Goes, de indicativo BZ-2AF, conforme noticiou a Revista Telegráfica, editada em Buenos Airas e o "QST", da ARRL, dos E.U.A. O quarto radioamador paulista a ser copiado no exterior foi Júlio Boccolini, de indicativo BZ-2AE. O quinto foi João Ramos Bacaratt, de indicativo BZ-2AJ e, finalmente, o sexto foi Georges Corbisier, de indicativo BZ-2AE.
Rio Grande do Sul - O primeiro radioamador gaúcho começou a operar em 1925. Chamava-se Tyrteu Rocha Viana, de indicativo SB-3QA. Foi um dos fundadores da ABRA - Associação Brasileira de Radioamadores, também conhecida pela sigla A.B.R., do Rio de Janeiro.
Minas Gerais - Arquelão da Silveira Gomes, de indicativo SB-9AA, e Benedito Ramos de Lima, de indicativo SB-9AB, foram os primeiros radioamadores mineiros, ambos licenciados pelo DCT na mesma época, citados pelas revistas estrangeiras especializadas.
Pernambuco - Ao mesmo tempo que o Sul, o Nordeste se iniciava no radioamadorismo. Assim, surgiu, em Pernambuco, Tito de Araújo Xavier, de indicativo B Z-SAA, que foi o primeiro radioamador daquele Estado. Era eletricista, tendo construído seu próprio equipamento, de circuito duplo regenerativo.
Pará - O Norte também se fazia presente, lado a lado com os seus colegas sulinos. De Belém do Pará, falava com o mundo o primeiro radioamador paraense. Chamava-se Roberto Camelier, com o indicativo SB-7AA. Operava com um transmissor de sua fabricação, já que era um radiotécnico de gabarito. Foi ele que fundou e instalou a quarta emissora de broadcasting brasileira, a PRC-5, Rádio Clube do Pará, atualmente com o indicativo ZYI-532. Anos depois, Camelier teve o seu indicativo substituído para PY8-AC.
O Primeiro "Portátil" Brasileiro - Em 1925, o capitão Antônio da Silva Lima, engenheiro militar, radioamador de indicativo BZ-IAV, foi nomeado para dirigir o Serviço de Rádio do Departamento de Comunicações das Forças Armadas que perseguia a "coluna Prestes", oriunda da revolução política de 1924, efetuada em São Paulo.
Em virtude da função que iria desempenhar, era necessário possuir uma transmissora portátil, que permitisse comunicação imediata com as tropas que se internavam no sertão, com o centro das operações e dos comandos das regiões militares. Terminada a montagem do transmissor, no dia 6 de agosto de 1926 foi operada a primeira estação "portátil" brasileira, diretamente do Parque Antártico, na capital paulista. O aparelho era constituído de umaválvula UV-202, em circuito oscilador Hartley, colocada na mala de viagem, e de uma armação de bicicleta, na qual se encontrava um dínamo ligado aos pedais da bicicleta, e o carregador de bateria dos acumuladores, que moviam um outro acumulador de alta tensão, para alimentar o transmissor. A antena utilizada foi uma hertz, de 1496 (como se dizia na época), pendurada em
duas varas de bambu.
Do livro "Radiomadorismo o Mundo em seu Lar", p. 109.
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